Como você, tentei lutar com todas
as minhas forças contra o esquecimento. Como você, eu esqueci. Por que negar a
evidente necessidade da memória?
O estado de nossa pobreza se precisa. A paisagem está cheia
de arame farpado. O céu fica rubro de explosões. Já que essa ruína não poupou a
própria noção de cultura, é preciso ter a coragem de dispensá-la. É preciso se
virar com pouco. Quando a casa já está em chamas, é absurdo querer salvar os
móveis. Se resta uma chance a ser agarrada, é a dos vencidos.
Como no amor, esta ilusão existe.
Esta ilusão de poder jamais esquecer.
Chegará um tempo no qual não
poderemos de jeito nenhum nomear o que nos unirá. O nome se apagará aos poucos
de nossa memória... Depois ele desaparecerá completamente.
O comunismo existiu uma vez. Durante dois
tempos de 45minutos. No estádio de Wembley, quando o Honved de Budapeste venceu
a Inglaterra, por 6 a 3. Os ingleses jogaram individualmente. Os húngaros
jogaram em grupo.
Não somos turistas.
REFAZER O MUNDO
Hiroshima, mon amour - Alain Resnais, 1959. França, 90 min.
Nossa Música (Notre Musique) - Jean-Luc Godard, 2004. França, 76 min.
Limite - Mário Peixoto, 1931. Brasil, 120 min.
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