terça-feira, 29 de abril de 2014

CAIXA - REFAZER O MUNDO






Como você, tentei lutar com todas as minhas forças contra o esquecimento. Como você, eu esqueci. Por que negar a evidente necessidade da memória?




O estado de nossa pobreza se precisa. A paisagem está cheia de arame farpado. O céu fica rubro de explosões. Já que essa ruína não poupou a própria noção de cultura, é preciso ter a coragem de dispensá-la. É preciso se virar com pouco. Quando a casa já está em chamas, é absurdo querer salvar os móveis. Se resta uma chance a ser agarrada, é a dos vencidos.




Como no amor, esta ilusão existe. Esta ilusão de poder jamais esquecer.




Chegará um tempo no qual não poderemos de jeito nenhum nomear o que nos unirá. O nome se apagará aos poucos de nossa memória... Depois ele desaparecerá completamente.




O comunismo existiu uma vez. Durante dois tempos de 45minutos. No estádio de Wembley, quando o Honved de Budapeste venceu a Inglaterra, por 6 a 3. Os ingleses jogaram individualmente. Os húngaros jogaram em grupo.




Não somos turistas.



REFAZER O MUNDO

Hiroshima, mon amour - Alain Resnais, 1959. França, 90 min.

Nossa Música (Notre Musique) - Jean-Luc Godard, 2004. França, 76 min.

Limite - Mário Peixoto, 1931. Brasil, 120 min.



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