quarta-feira, 29 de junho de 2016

SESSÃO - AQUELE QUERIDO MÊS DE AGOSTO - 2008 (MIGUEL GOMES)






não podemos, hoje em dia, refazer ou copiar o passado, a américa, holywood, mas podemos estabelecer um diálogo com o que desapareceu. voltar a algo que o cinema de certa forma perdeu, talvez seu paraíso, essa espécie de inocência, de crença que o espectador tinha na primeira idade do cinema. 




eu creio que na época, era por exemplo mais fácil fazer uma cena na qual os personagens olham as nuvens e onde as nuvens se transformam em animais. porque o cinema era jovem e o espectador também. 




o cinema tem essa capacidade de fazer retornar essa crença, mesmo se a gente sabe que é falso, que não é a vida. eu penso que no cinema, hoje em dia, falta essa crença, essa juventude.





nossa memória carrega a memória de todos esses fantasmas do passado, e nós precisamos deles, de uma maneira muito emocional. é preciso fazer cinema contemporâneo tentando fazer voltar esses fantasmas da juventude do cinema.


Miguel Gomes - entrevista aos Cahiers du cinéma, dezembro 2012 ( nº 683 )



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