A câmera não é um olho humano
mais perfeito. Se se trata de um olho, é um olho não humano. É um olho-não-humano!
O que isso quer dizer? Será que
quer dizer um olho animal? Não, não quer dizer um olho, hã, animal. Hã, um olho
animal é um olho animal, é um olho não humano. Será que podemos dar à ... em
função da câmera, à expressão ou à ideia de um olho não humano, um sentido, um
sentido real? Não pretendo, eu seria incapaz, de fazer uma história contínua do
cinema. Se há alguém que por exemplo ligou a consciência cinema à posição e à
invenção de um olho não humano como tal, não é do lado de Pasolini e do cinema
moderno que seria preciso procurar. É do lado de Vertov. Então, que haja uma linhagem
Vertov/Godard a esse respeito, é sempre possível fazer os entroncamentos que se
queria. É evidente que há uma linhagem Vertov/Godard.
Em
que sentido e de que maneira a câmera efetua ou inventa um olho... que deveria
chamar-se... De modo algum um olho que rivalize ou com o qual .... Sim, que
representaria um aperfeiçoamento. Não se trata de ver o que o homem não chega a
ver. Não é isso o Cine-Olho, não é isso. O Cine-Olho é verdadeiramente: a
fabricação de um olho não humano. Mas o que é um "olho não olho"?
Gilles Deleuze - transcrição do
curso - Cinéma - Image-Mouvement (aula 6, parte 2)
http://www2.univ-paris8.fr/deleuze/article.php3?id_article=189
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