quinta-feira, 13 de novembro de 2014

BRANCO SOBRE BRANCO




        A câmera não é um olho humano mais perfeito. Se se trata de um olho, é um olho não humano. É um olho-não-humano!
        O que isso quer dizer? Será que quer dizer um olho animal? Não, não quer dizer um olho, hã, animal. Hã, um olho animal é um olho animal, é um olho não humano. Será que podemos dar à ... em função da câmera, à expressão ou à ideia de um olho não humano, um sentido, um sentido real? Não pretendo, eu seria incapaz, de fazer uma história contínua do cinema. Se há alguém que por exemplo ligou a consciência cinema à posição e à invenção de um olho não humano como tal, não é do lado de Pasolini e do cinema moderno que seria preciso procurar. É do lado de Vertov. Então, que haja uma linhagem Vertov/Godard a esse respeito, é sempre possível fazer os entroncamentos que se queria. É evidente que há uma linhagem Vertov/Godard.
        Em que sentido e de que maneira a câmera efetua ou inventa um olho... que deveria chamar-se... De modo algum um olho que rivalize ou com o qual .... Sim, que representaria um aperfeiçoamento. Não se trata de ver o que o homem não chega a ver. Não é isso o Cine-Olho, não é isso. O Cine-Olho é verdadeiramente: a fabricação de um olho não humano. Mas o que é um "olho não olho"?   







Gilles Deleuze - transcrição do curso - Cinéma - Image-Mouvement (aula 6, parte 2)
http://www2.univ-paris8.fr/deleuze/article.php3?id_article=189



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